Tuesday, March 31, 2009

O Calculismo na Era do Sentimental

Ser forte é para os fracos. Os bons e mais resistentes sabem lidar com as emoções de forma diferenciada sem apelar para o calculismo, criam estratégias de defesa e ataque com um roteiro tão bom que o mesmo nem sequer é notado. Vão por mim, caros leitores, deixem se levar, às vezes, pelas emoções. A frieza é um bom refúgio e um péssimo modo de vida, pois esta última é única e é necessário sensibilidade para notar o que de bom existe.
- E aquela estrela lá?
(Acho linda. Nasceu brilhando e vai brilhar seja de onde eu esteja olhando-a. Não é mágico? Nada vai afetá-la, jamais.)
- Ela nem está lá. Na verdade já desapareceu há muito tempo, mas, por estar muito longe, ainda não nos chegou a informação de que ela explodiu.
- Acho linda. Nasceu brilhando e vai brilhar seja de onde eu esteja olhando-a. Não é mágico? Nada vai afetá-la, jamais.
Liberta-te e te libertarás.

Monday, March 23, 2009

Em Diálogos

- Adeus, você. Eu hoje vou pro lado de lá, to levando tudo de mim...
- Que é pra não ter razão pra chorar?
- Vê se te alimenta e não pensa que eu fui por não te amar! Cuida do teu pra que ninguém te jogue no chão, procure dividir-se em alguém.
- Procure-me em qualquer confusão!
- Levante e te sustenta e não pensa que eu fui por não te amar!
- Quero ver você maior, meu bem, pra que minha vida siga adiante!
- Adeus você, não venha mais me negacear!
- Seu choro não me faz desistir...
- Teu riso não me faz reclinar!
- Acalma essa tormenta e se agüenta que eu vou pro meu lugar. É bom às vezes se perder sem ter porque, sem ter razão. É um dom saber envaidecer, por si, saber mudar de tom.
- Quero não saber de cor, também, pra que minha vida siga adiante.

Wednesday, March 18, 2009

O Cobertor e a Mocinha

Era uma vez um cobertor. Adorava o fato daquela menina de mais ou menos onze anos perfumar-se antes de deitar. Tentava, em vão, se aquecer o máximo possível para aquecê-la. Rezava para ter, quem sabe algum dia, calor próprio, sonhava em ser o sol para aquela menina. Mal sabia ele que, para ela, ele era o protetor, a quem ela buscava quando sentia frio. “Mãe, estou com frio e vou me agarram em meu cobertor”, dizia ela. Ele há muito tempo já estava esperando sua vinda, como quem diz “Vem, querida, te aquecerei com meu carinho”.
Mas, como todo caso, há um problema: Nosso cobertorzinho não agüenta o fato de não conseguir comunicar-se com sua menina. Ora, como seria possível um cobertor se declarar para uma garota? Eis que nosso protagonista tem uma idéia: Abraçará sua pequena enquanto ela dorme profundamente. Claro, como não pensara nisso antes?
A noite chega, fria como de costume, e a garotinha se dirige a seu quarto. Perfuma-se, coloca-se debaixo do cobertor e cai no sono. Observando a situação, ele abraça-a fortemente. Para sua surpresa, ela também o abraça. Não sei se era o vento ou aquele cobertor sorriu.

Saturday, March 07, 2009

Carta ao futuro

Caro Futuro,

Desculpe-me pela falta de educação em não perguntar como estás, mas é que não estou muito preocupado com isso agora. Vim só pra bater um papo contigo. É, levar um lero que é mais um pedido: Demora. Não te sintas mal com isso, mas a vida passa tão rápido que eu quero-te bem longe junto do teu amigo tempo. Se tu serás bom ou ruim? Não sei. Viverei sem me preocupar com isso. Viverei a procurar uma forma de não te procurar. Vai arrecadando mais outras almas para aquela outra amiga tua e volta a me procurar só quando eu chamar. Perfuma-te e procura alguém pra passar o tempo, assim como eu procurei. Aceita os conselhos desse velho amigo; vive. E quando chegares, vem manso que é pra não me assustar, vem com rodas de algodão e motor à base de água. Se serás bom ou ruim? Não sei. Viverei.

Atenciosamente,
Passageiro.

Monday, March 02, 2009

Maior Questão

Dois amigos se encontram, após a morte, na frente de São Pedro.
- Fábio! Quanto tempo! Nunca imaginei que fosse te ver só... depois mesmo.
- Fernando! Vimos-nos a última vez no fim do colegial, com todas aquelas promessas de se ver aos sábados. Acho que nunca tivemos tempo depois daquilo.
- É, mas eu nunca esqueci das nossas loucuras em sala de aula.
- Nem eu. Mas, me conta como tu vieste parar... aqui?
- Tristeza, solidão, essas coisas. E tu?
- Morri por falta de doador de alegria.
- Se a gente pelo menos continuasse se vendo aos sábados...
- São Pedro está vindo aí.
- Pois é, temos que causar uma boa impressão.
- Vocês dois são frustrados pela de amizade na vida, passem ao final da fila.