Sunday, September 26, 2010

A Ana (Parte 1 de algumas)

I

Ana acordou. Levantou e não calçou nada. Acariciou os cachos do cabelo, mostrou os olhos verdes pro mundo e sorriu. Não, Ana sorriu feliz. Pensou consigo mesma: “Com o perdão do clichê, a maior caixa de surpresas que existe é uma manhã antes da gente abrir a janela”.

II

Ana tomou achocolatado e arregalou os olhos. Deu bom dia pra sua gata, suspirou e levantou-se. “‘Ou se’ é a expressão mais libertadora do mundo”, pensou. Depois de fazer o que queria, foi para o trabalho.

Talvez Ana fosse feliz. Preferiu ser. Olhou para o céu azul que valentemente aparecia na janela do escritório, saiu e bateu ponto na vida. Ponto para Ana, aquela moça bonita do cabelo enrolado meio ruivo meio rubio e dos olhos com cor de embalagem de Guaraná Antártica. Andou e, com o sol abraçando-lhe, não sentiu o clichezão “andando nas nuvens" por estar feliz com alguma coisa. Ana é muito importante para ser "alguma coisa". Ana é especial, Ana anda em travesseiros fofos, porque essa história de nuvem não existe. Andou pelas ruas da cidade grande esbanjando morangos e se sentiu como uma daquelas mulheres de propaganda de absorvente. Neste minuto, Ana atingiu o grau máximo de preocupação nenhuma.

III

Recordação

Ana conhece Valentin, mas na verdade queria mesmo era conhecê-lo. Ele é aquele rapaz que todo mundo já viu por aí. Faz-se de misterioso porque não tem nada de mais interessante para apresentar, então não apresenta nada e recebe essa fama. A Ana sabe disso. Mas, ela também é assim e, ao mesmo tempo em que isto lhes junta, os distancia. Porque um fica tentando adivinhar o que o outro está pensando e, pessimistas que são, ficam cheios de paranóias com sabor de marshmallow. Eles já se encontraram em diversos sonhos de flauta, mas pausaram a música porque era boa demais. E aí ficam quietos.

Mas a Ana não quer pensar nisso. O dia está muito primavera, ela só quer andar em travesseiros fofos e esbanjar morangos por aí. A Ana só quer ser abraçada pelo sol quentinho. E ela se entrega a ele. Abre os braços, sorri e diz “vem cá, meu nego”. E o pensamento e o coração da Ana apostam corrida pra saber quem está mais tranqüilo e mais bala-de-goma. A atmosfera é totalmente “I see trees of green, red roses too I see them bloom for me and you and I think to myself, what a wonderful world”. A Ana está exatamente onde queria estar.

Tuesday, September 07, 2010

Rima

Bala de goma, diploma, pantufa e irmão. Escorregador, lápis de cor, pipa e macarrão. Olho bonito, bolo de milho, pantufa e mão. Tudo isso havia antes de mim e não sei o por quê, não. Só sei por que vieste depois de mim. Foi pra completar meu coração.