Sunday, February 13, 2011

Ô, companheira

Os teus olhos falam. Gritam. Chamam-me. “Vem, Carlos, vem beijar-nos para fecharmos felizes e descansados”, dizem. E, como se expressassem palavras mágicas, me hipnotizam e é um crime inafiançável quando deixas teu cabelo negro por cima de um deles, querendo que as outras mulheres do mundo tenham alguma chance. Mas elas não têm. A graça toda é tua e ela, assim como eu, não é de mais ninguém. Sendo só teu, não tenho escolha quando me olhas irresistivelmente como um cachorro labrador pidão, que dá a pata e coloca a cabeça entre nossos braços pedindo carinho. Vendo teus olhos assim, nada mais posso fazer do que massagear teu cabelo, ver teus lábios sorrirem docemente até o momento em que deitas em meu colo e, mesmo após teus olhos fechados, sigo te fazendo carinho, porque já não é para te fazer feliz que o faço. É por mim. Enquanto uns alcançam o paraíso com morfina, eu, mero mortal, ando em nuvens quando passo levemente minha mão em tua face lisa. Tão benevolente és que a ONU em breve chegará a tua casa e pedirá para doares teu olhar a fim de ser utilizado como apaziguador de conflitos éticos. Sempre que Israel resolver atacar a Palestina, chamar-te-ão para, com esse olhar irresistível de cão labrador querendo carinho, pedires que parem com essa bobagem de briga. É o amor, é o amor.


P.S.: Texto mais doce que doce de batata doce