Thursday, March 24, 2011

Da existência

Esse texto serve também para os torcedores do E.C. Pelotas.

Lembrei-me hoje de um professor do ensino médio. O cara simplesmente não conseguia aceitar o fato de que, em pleno mundo globalizado do século XXI, boa parte da população pelotense fosse torcedora do Brasil de Pelotas. Segundo ele, não havia sentido torcer por um time que, ano após ano, década após década, continuava na mesma situação: Lutava para não cair da série A do Campeonato Gaúcho e, quando enfim caía, começava então a digladiar para voltar à condição anterior, assim, formando um ciclo sem fim.

Na hora não me ocorreu, pois eu estava realmente impressionado com o besteirol que havia sido cuspido, mas agora, revendo a situação, me lembrei de que o tal professor era fumante – e daqueles ferrenhos. Assim como todas as outras pessoas portadoras desse vício, o tal sabia de todos os males que o cigarro poderia trazer à sua saúde. Sabia das chances maiores de um câncer e sabia até que suas mãos fediam. Mas, assim como todas as outras pessoas portadoras desse vício, ele continuava fumando. E por quê? Simples. Mesmo motivo pelo qual eu sou apaixonado pelo Brasil de Pelotas. O cigarro, independente de todos os defeitos, trazia algo de bom, de prazeroso para ele.

O mundo não é perfeito e as pessoas também não são. Se fossem, o Barcelona seria o time com a maior torcida do planeta, ganhando com folga do Flamengo. O clube espanhol ganha todos os títulos, tem os melhores jogadores e passa longe de segundas divisões dos campeonatos que disputa. Porém, para a alegria das agremiações menores e para a graça maior do mundo em que vivemos, a paixão de um torcedor pelo seu clube não está nos feitos e nos canecos conquistados por este. Está no seu vício. E o vício é o primo da paixão que, assim como seu querido parente, não tem e não precisa de explicações maiores para a sua existência. Simplesmente existe. Assim como todos nós.

A propósito, o meu professor torcia para o Palmeiras.