Thursday, September 08, 2011

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Um texto sobre o centenário do Brasil de Pelotas tem de ser simples, assim como a sua gente. Porém, um texto sobre o centenário do Brasil de Pelotas tem de ser grandioso, assim como a sua gente.
A primeira lembrança que tenho do Xavante é a de meu pai, revoltado com um resultado negativo, passando com o carro por cima da camisa do clube. A segunda, dele arrependido por não ter uma a sua camisa predileta para comemorar uma vitória. Essa é a diferença do torcedor deste time: Ao contrário dos demais, que sustentam em seus pavilhões o fato de apoiarem os seus clubes incondicionalmente, a gente se irrita, sim. A gente desacredita. Mas volta. Um texto sobre centenário do Brasil de Pelotas, além de simples e grandioso, tem de ser confuso, não pode ter ordem. Porque somos filhos da várzea, não temos uma torcida toda organizada. O torcedor do Xavante não carece de papéis picados, guarda-chuvas, barras, nada dessas coisas. Ele faz de si mesmo a sua festa, cada um cantando e apoiando como quer. Há uma linha tênue entre ser simples e ser simplório. O torcedor do Brasil de Pelotas usa chinelos e os descalça.
E eu vou terminando por aqui, vou lá ajudar a fazer o dia mais perfeito para o meu Xavante. Porque o Brasil de Pelotas é o Oswald de Andrade do futebol. Desorganizado, arteiro, independente. Mas com uma pitada de perfeccionismo.