Wednesday, March 28, 2012

Millôr



A primeira vez que li Millôr Fernandes foi no banheiro. Me sentei, vi um livro fininho e resolvi que ele me acompanharia naquela jornada. E ali fiquei por um longo tempo após tê-la cumprido.

Millôr escrevia em 3D. E lá no tempo do guaraná com rolha. Escrevia verticalmente, característica sua, mas não se contentava; ia lá e colocava um desenhinho que deixava tudo 150%.

Aí todo mundo entendia. Todo mundo ria. Todo mundo ria porque Millôr foi o melhor humorista brasileiro. Todo mundo ria porque Millôr escrevia do jeito que queria e do jeito que todo mundo queria. Não dava para – e nem precisava – e que história é essa de passado? - não dá para – e nem é preciso – saber se Millôr diz “entendeu ou quer que eu desenhe?” ou “entendeu ou quer que eu escreva?”.

Em uma época em que se discute tanto a liberdade do humor, vemos Millôr, o velho Millôr, ser tão livre que perfura sem perfurar. Bater, esconder a mão, mas deixar o cotovelo de fora. Muito maior do que correto ou incorreto, o humor millorista é natural. Agora ele vai lá encontrar outros seres tão livres quanto. Vai encontrar o grande mentecapto, Stanislaw e quem mais ele quiser.

Tuesday, March 20, 2012

nos

quando me deixaste, quis eu morrer de um jeito bem Tomás Antônio Gonzaga, mas pior ainda, porque sou um cara da cidade e não sei tirar leite de vaca, depois te deixei, quis eu morrer de nervosismo, sem saber direito se estava fazendo o certo, como quando se escolhe tomar leite com Nescau ao invés de Coca e na hora não há Nescau o suficiente, só pra um golinho e me deixaste de novo, ficando eu inconsolável, querendo eu morrer por ter escolhido o leite ao invés do refrigerante, mas agora tentei eu pegar tua mão tentaste tu fugir não conseguimos nós ficarmos juntos tentaram outras pessoas nos conquistar conseguiu ela o meu apreço e agora quer o mundo deixar tudo em paz e quer a paz nos deixar.