Tuesday, December 25, 2012

Morte


A morte é a pior coisa que existe. E digo a morte como a do tarô, com vários significados, todos eles arrasadores. As pessoas que dizem considerar a morte algo bonito, ou não estão com ela as rondando ou estão tentando amaciá-la. A morte é feia e malcheirosa. A morte dá vontade de morrer e só ressuscitar quando o mundo for bonito novamente.
Mas a morte também é como um parente chato que inventou estar com saudades apenas para passar uma semana na sua casa de praia. Você não pode negá-la. Não pode ignorá-la. Não pode expulsá-la por ela ser inconveniente. Tem de aguentar o seu cheiro podre. Tem que aguentá-la palitando os dentes após o almoço.
A partir do momento em que você se propôs a ter uma casa na praia, automaticamente se propôs a receber o parente indesejável.
Aí você se prepara psicologicamente para recebê-lo. Tenta relaxar, vou ter que passar por isso mais dia menos dia, que seja agora. Mas lá no fundo (e não tão fundo assim) ainda há a esperança de que ele não venha. O carro pode quebrar no caminho. Mudou de ideia. Tenta amenizar o sofrimento com toda essa preparação, mas na hora que ele chega é tudo inútil.
Você desaba. 

Tuesday, December 11, 2012

Uma manhã sem luz


Faltou luz aqui no trabalho. Oh, olha só, uma caneta, vamos tentar escrever alguma coisa.
Essa falta de luz veio em um bom momento, como quando no Orkut por uma bela surpresa o amor da sua vida visualizava o seu perfil e aquilo dava uma alegria inesperada capaz de durar umas duas semanas. Como na única vez em que aquela menina bonita, dona de uma cor de pele que autoriza o bom uso do batom, me respondeu no Facebook,  uma pena agora ela apenas visualizar minhas mensagens e nem me chamar de chato indiretamente dizendo que ela também é chata.
Por favor, moça bonita, me dê uma luz, ilumina minha vida, já que meu trabalho está numa escuridão só. Ser de luz própria que és, venha nos iluminar, ou melhor, não venha, que é para eu poder continuar a escrever minhas bobagens sobre ti só pelo prazer de ver a caneta deslizando, poucas esperanças que tenho de te convencer a sorrir pra mim como sorriu no dia em que nos conhecemos, de pegar tua mão macia e fingir dançar, como no dia em que nos conhecemos.
Ah, mocinha, me ensina das coisas de Goiás, me explica a diferença entre o sotaque de lá e o de Minas, me explica o porquê de JK não ter transformado Goiânia em capital do país ao invés de gastar aquela nota toda construindo uma cidade do nada ali do lado e colocando o breguíssimo nome de “Brasília”, me explica o porquê de os goianos formarem tantas duplas sertanejas se em Goiás nem ao menos tem sertão. Me explica como o Atlético Goianiense conseguiu subir meteoricamente para a primeira divisão, me explica o caso Carlinhos Cachoeira na visão dos goianos, que elegem a direita há tanto tempo e, finalmente, me explica o porquê de não gostar de mim, se temos tanto em comum de acordo com as coisas que curtimos no Facebook.
Acabaram de ligar para o chefe, que no momento está em Porto Alegre. Ele disse que não, não podemos ir para casa, que temos que continuar “trabalhando” coisa e tal. Acho que os outros funcionários irão organizar uma espécie de motim, algo como dormir durante toda a tarde. Acho que vou convencê-los a fazerem o mesmo para acabar com essa tua indiferença em relação a mim. Com a falta de luz que assola minha manhã e minhas pretensões de passar uma tarde inteirinha te fazendo cafuné, as pessoas aqui do lugar onde eu trabalho começaram a fofocar loucamente. Em questão de meia hora eu já sei desde as incompetências de uma tal de Marli até o nome do próximo Secretário de Educação da cidade. Parece um pouco piada, mas agora eles começaram a falar sobre  Sessão da Tarde. Não que seja ruim, eu adoro Sessão da Tarde. Passar aquela uma hora e meia vendo filme ruim e comendo besteira está entre as minhas 15 melhores coisas do mundo, logo atrás de usar pela primeira vez uma meia que acabei de comprar.
Vamos um dia, moreninha, passar a tarde toda vendo filme ruim e comendo besteira? “O Amor é Cego” e bolacha Maria com margarina. “Lagoa Azul” e marshmallows. Qualquer filme com o Eddie Murphy e Doritos. “Esqueceram de mim” e dois potes de pipoca com manteiga. Vamos fazer um filme ruim nós mesmos e não mostrar a ninguém . Um filme sobre uma mulher iluminada que aparece de repente e ilumina uma cidade inteira, sem luz há muito tempo. “A Moreninha Iluminada”, e aí assim, não mais que de repente, surja “A Moreninha Iluminada – O Retorno”.
Estão me avisando aqui que, finalmente, chegou a minha hora de ir embora. Ainda bem, pois estou louco de fome. Mas mesmo assim uma pena, logo agora que eu forçaria uma poesia fazendo uma metáfora entre a luz do sol que me aquece e me ilumina nessa manhã escura e o momento em que aceitaste minha tentativa e me deste a mão, blablablá, nada que eu já não tenha dito umas cem vezes durante esse texto construído durante uma manhã inteira. Vou me embora, prenda minha. Vou para a casa.
Espero que lá tenha luz.
Espero um dia “dançar” contigo novamente.
E a luz se fará assim.
Ponto Final.

Friday, December 07, 2012

Para a moça que me acha um pé no saco


Te conheci esses dias, moça lá do estado que eu não tinha muita simpatia, mas que agora por tua causa eu até que gosto. Parecia legal, parecia bonita, eu já estava meio bêbado mesmo, fui lá falar. Riste das besteiras que eu falei, respondeste algumas outras, mas deu pra ver claramente uma coisa muito triste: Me achaste um pé no saco. Para a tua sorte, já que é uma glória me ter como conhecido, pessoa futuramente muito rica e dona de uma capacidade intelectual invejável que serei, eu não me dou por vencido de primeira, como tu podes ver por esse outro texto que eu fiz em uma situação bem semelhante e que, se interessa saber, foi revertida pela minha graça, minha fofura e acho que devo um pouco ao meu perfume também.

Na bem verdade, se tivesses me ignorado completamente (tá, como fez no facebook esses dias), recusado minha solicitação de casamento no facebook ou ainda não dado risadas lindas do meu besteirol, eu teria desistido fáci fácil. Porque não seria o caso de tu me achares chato. Seria o caso de tu quereres a minha morte e eu realmente espero que essa não seja a verdade. Tu queres que eu morra? Se tivesses um pedido a fazer seria que eu caísse ali, durinho, no salão da festa? Irias ao meu enterro? Levarias flores? Acho que vou simular a minha própria morte para ver se tu te importarias.

Dançar realmente é uma arte muito complicada. Tem que fazer vários movimentos ao mesmo tempo, com várias partes do corpo e ainda tem que olhar para a outra pessoa. Realmente, tens razão. Eu mesmo sou um cara inteligentíssimo, cheio de talentos e não sei dançar. Sou meio duro. Um amigo, grande pé-de-valsa, certa vez tentou ensinar a mim e a outro amigo essa grande arte que é se mexer e isso ser aclamado pelas outras pessoas.  Era ensino médio, a gente era meio feio e precisava de alguma coisa pras guriazinhas gostarem da gente. Como pudeste perceber no dia em que te conheci, não deu muito certo.

Mas eu tentei. Eu sempre tento. Mais ou menos como a última coisa que eu te disse no facebook e que obtive resposta: O homem não sabia ler, não sabia escrever, não sabia fazer batata frita, mas em determinado ponto da sua história pensou: Cara, dá pra tentar isso aí.
Eu vou tentando.