Friday, October 15, 2010

Sim

A gente estava de mãos dadas. Sem beijo, nem abraço, eu só peguei a mão pequena e macia dela e fui correspondido. Não olhei para dar uma disfarçada, mas vi que ela me olhou sorrindo com aqueles olhos coloridos. Até os nossos passos sincronizaram-se, porque o mundo era todo nosso e existia apenas pra gente ser feliz. A gente sentou no planeta – mais precisamente na grama verdinha – e fizemos nosso piquenique em cima da toalha (aquela mesma que você, leitor, está imaginando). Sem beijo. A gente ainda era só “amizade coloridinha”, uma coisa bem infantil mesmo, mas a gente sempre foi meio criança. Eu sempre fui meio Miguelito e ela... bem, ela era bem cabeça, mas não era morena o suficiente pra ser Mafalda. A verdade é que a gente era os nossos próprios personagens. Eu comecei a tocar violão porque ela gosta de homens com sobrancelha grande e que tenham uma veia musical. Ela nunca fez nada exatamente por mim, mas, pro piquenique, comprou o doce que eu disse no Twitter que sou fã e tenho certeza que foi pra me agradar. Só quando notei isso é que cheguei perto de seu rosto para beijá-la. Fechei os olhos mais com medo de perdê-la para sempre naquele momento do que por estar emocionado ou por curtir o momento. Mas ela botou a mão – pequenina – no meu rosto e me correspondeu. Aí eu fechei os olhos de vez. O nosso dia foi pintado com lápis de cor aquarela.

1 comment:

  1. Continuas me surpreendendo... como é bom ler o que escreves...
    Saudade, guri!

    ReplyDelete