Wednesday, March 28, 2007

Os imprevistos da vida, caso a parte.

Romeu segura a mão de Isabel.
- Eu vou sempre te esperar, Isabel.
- Eu sei, Romeu, eu te amo.
Agora ele solta a mão da pequena que entra no avião, partindo rumo a Porto Alegre.
Chove forte em Satolep e o piá volta de cabeça baixa para a casa. Ele sabe que sempre vai esperar pela sua garota, mas teme mesmo assim.
- Como foi no aeroporto, Rô? – pergunta Dona Cristina
- Triste, mãe, eu não queria soltar a mão dela. – respondeu o rapaz.
A chuva é empurrada pelo sol, formando um lindo arco-íris no céu ainda cinzento da cidade.
Os amigos de Romeu lhe fazem uma visita para tentar animar o guri, mas sem sucesso, só a presença, o carinho e o abraço de Isabel podem o consolar.
- Vamos, cara, daqui a um mês ela vai voltar! – disse-lhe Rodrigo.
- Ah, Rodrigo, tu sabes que eu não consigo ficar uma semana sem aquela morena!
- Mas não é por isso que não vais viver, amigo, hoje vai ter uma janta na casa do Fernando, aparece lá!
- Tudo bem.
Romeu faz um esforço e vai à janta. Ele passa o tempo todo olhando o relógio para falar pela internet com Isabel. O piá empurra os joelhos contra o peito com as mãos, pensa só no seu amor, fecha os olhos para canalizar o pensamento e fala para si mesmo: “como eu queria que o tempo andasse um mês em apenas um dia!”.
Isabel passa a viagem inteira olhando o bilhete que o amado fez e dona Margarida olha para o rosto triste da filha e ri.

- Tu o amas mesmo!

- Muito, mãe!

- Um mês e tu já vais ver ele!

Isabel passou o resto da viagem quieta e dona Margarida impressionada com o tamanho do amor entre eles.

Romeu estava a dormir quando recebeu aquele telefonema. Levanta, vai até o telefone e o atende. É Miguel.

- Romeu?

- Quem fala?

- É Miguel.

Miguel é a pessoa que a amada de Romeu mais odeia no mundo, ele a traiu e a abandonou.

- Olá, Miguel.

- Bem, fiquei sabendo que estas com a Isabel.

- Sim, eu estou.

Pois saibas que não a recomendo.

-Por qual motivo?

- Porque ela não ama, apenas...

- Veja bem, Miguel. Eu amo a Isabel e não é por causa de um relacionamento que não deu certo por tu teres cometido canalhices com ela que o meu e dela vai acontecer o mesmo.

- Tu também és guri, sabes que a carne é fraca.

- Nem todo piá é promíscuo como tu.

- Nem todo piá é bicha como tu.

- Miguel, são oito e meia da manhã, eu preciso dormir.

Romeu coloca o telefone no gancho. Tem uma entrevista importante no dia seguinte para se tornar colunista de um jornal, mesmo que tenha 17 anos, tem chances de ser contratado. Tenta dormir, mas não consegue. Altera o pensamento entre Isabel e o telefonema.

Ele fala com a amada no dia seguinte ainda pensando na tal conversa da manhã anterior.

- Como está a viagem, querida?

- Ótima, tirando a saudade!

- Também estou com saudades, pequena.

O garoto pensa se fala ou não sobre Miguel, pensa se vale a pena ou não, se daria certo ou não. Pensa até se a chuva apertaria o seu coração. E apertou.

- Amor? - diz ele

- O que, meu piá?

Silêncio.

Sunday, March 25, 2007

Sonhos

Existem vários jeitos de se pensar “sonhos”. Tem o sonho de quanto tu dormes e o teu cérebro continua funcionando, mas essa é muito no ponto exato para mim, prefiro aquele mais figurado de tu sonhares só o que queres sonhar. Mas, como tudo, há uma controvérsia. Por exemplo, o sonho de uma amiga minha, que sonhou que eu e outro amigo estávamos andando de skate e aparecendo na MTV. É claro que eu nunca vou aparecer na MTV. Muito menos andar de skate, mas não custa sonhar, não é mesmo? Vai ver a Tani queria ver eu e o Douglas fazendo manobras radicais ou ver a Debulle na televisão.


Existem pessoas que não deixam o sonho vir aleatoriamente, gostam de, antes de dormir pensar no que vão sonhar. Às vezes eu me encaixo nesse grupo, às vezes não. Nesse grupo se encaixam as pessoas apaixonadas, que querem sonhar com a pessoa amada e se esforçam o máximo possível para sonhar com ela.

Os sonhos, em uma abordagem psicológica, são uma representação exata do nosso interior e se estudados corretamente podem ser um método de conhecer o psicológico da pessoa, fazendo assim, uma “fotografia” do inconsciente. Para os psicólogos, os sonhos têm uma linguagem própria, os símbolos. Não aqueles símbolos de “dicionários de sonhos”, vendidos em bancas de revistas, para eles, esses dicionários contradizem o entendimento de um sonho. Para eles, para entendermos sonhos, temos que primeiro entender os símbolos.

Temos também uma parte mais “seca” de ver os sonhos, a parte médica. Alguns neurocientistas consideram o sonho apenas um “tráfego” de informações que servem apenas para deixar o cérebro em ordem. Mas, eles não explicam peculiaridades dessa teoria, como por exemplo, Paul McCartney ter sonhado com uma melodia, depois acordou e compôs “Yesterday”.

Existem pessoas que pensam muito antes de dormir e por isso não sonham, como, por exemplo, minha amiga Cecília. Essas podem, ou por pensarem demais pegarem no sono rápido e por isso não sonharem, ou então não sonhar por outro motivo. Ou nenhuma das duas.

Outras não se lembram dos próprios sonhos, tendo apenas um grande “preto” enquanto dormem. Essas devem ter algum problema e devem procurar um médico. Eu que não quero ser o médico. Ou então nunca sonharam algo realmente marcante para ser lembrado.

Algumas não sonham, têm pesadelos. Essas podem estar estressadas demais por qualquer motivo, seja ele trabalho, problemas familiares, amorosos, etc. Outras dizem ter pesadelos para parecerem dark

Eu acredito que os sonhos são fotografias do nosso emocional, se tu estas apaixonado, vais sonhar com a pessoa amada, se tu estas estudando muito, vais sonhar que estas estudando. Claro, não leve isso ao pé da letra, às vezes tu sonhas aleatoriamente, como sonhar que ganhou um ingresso pra um show da Cachorro Grande em Belo Horizonte em um jogo de sinuca.

Anexo: “Os sonhos retratam uma realidade projetada pelas pessoas e por isso invadem o psicológico delas, porque os sonhos não passam de pensamentos ilustrados e, às vezes, até mesmo sentidos. Ou seja, “fotografam” uma realidade vista só por aquela pessoa”

Cecília Cordeiro

Tuesday, March 20, 2007

Redução da responsabilidade penal

Semana passada tive de fazer uma redação de colégio sobre a redução da maioridade penal, desde então tenho vontade de escrever sobre isso, mas não tenho tido tempo. Nem criatividade.

Eu sou razoavelmente contra a redução de 18 para 16 anos, não por “pessoas de 16 anos não têm consciência do que fazem”. Não, sou contra por achar que essa é mais uma medida equivocada de colocar os problemas para debaixo do tapete, escondê-los de uma maneira que tira a responsabilidade das costas de quem a tem. Se formos analisar a situação na qual o país vive hoje em dia em termos de segurança, veremos que essa não é nem de longe a solução mais adequada. Não para agora.

Existem outras formas que poderiam ter sido feitas agora, como a melhoria na segurança pública, coisa que já deveria ter sido feita há muito tempo, mas é esquecida seja qual o governo que está no poder. O caos é tão grande que os policiais ás vezes são os bandidos, como casos em que são roubados peças de carros, pelos próprios policiais que se fazem desentendidos logo após.

Outra opção que poderia ser adotada é a lei seca, que já funciona em cidades do interior de São Paulo e que diminuiu em média 80% o índice de criminalidade nessas cidades. Mas essa é uma opção a se discutir mais, por serem poucos os donos de bares que respeitariam tal medida, mesmo sabendo das conseqüências que essa atitude dos mesmos pode causar. Como já foi dito, a lei seca já foi bastante eficaz. Porém, é questionável a sua aprovação em cidades grandes, como São Paulo, Porto Alegre, Brasília entre outras capitais, por ser difícil um controle mais rigoroso do respeito à lei, mas juntando essa medida, com a melhoria da segurança pública, teríamos bons resultados.

É crítica, também, a situação do sistema penitenciário brasileiro. Não só por deixar os presos às vezes em condições desumanas de superpopulação nas celas, mas também as atividades dos presidiários chegam a quase zero. Tenho a convicção de que, se bem trabalhada, a educação dos presos poderia trazer ótimos resultados, pois não adianta absolutamente nada, deixar o criminoso dentro de uma cela parado, pois assim ele terá tempos para praticar e pensar em novos crimes. Esse problema poderia ser resolvido com cursos de trabalho manual, que ajudaria no desenvolvimento de alguma habilidade para o preso trabalhar quando estiver fora da prisão, assim largando o crime. Poucos sabem, mas existem presos que, dentro da prisão começam a ler livros, estudam e se formam grandes advogados para lutar em sua própria defesa para sair da prisão, dando assim exemplo para outros presidiários fazerem o mesmo e assim, deixar de serem criminosos.

A educação é a melhor e mais certa forma de combater o crime. Não só a educação dentro das penitenciárias, mas principalmente na base, pois com uma boa formação e qualidade de ensino, diminuiria radicalmente o número de pessoas com tempo para cometer crimes. Digo isso mais direcionado às escolas públicas, pois com atividades em turno inverso, seja ela esporte, música ou qualquer outro tipo de ocupação para esses jovens, fazendo assim eles não só não pensar em crimes, como ter mais uma chance de escolher o que vai fazer no futuro.

Afinal, que jovem de 16 anos, com uma boa educação, vai pensar em cometer infrações?