Friday, November 27, 2009

Sobre o preconceito e a não-existência de Deus

Antes de escrever esse texto, eu pensei muito em como me expressar. Tenho certeza que muitos não me entenderão. E não espero a compreensão destes.

É da natureza animal separar os seres em grupos. A sociedade criou o preconceito, o homem criou a sociedade e hoje é impossível existir alguém puro. Se é que algum dia já existiu, pois a natureza humana está englobada na animal. Eu tenho os meus preconceitos e eles são bem extremados. Mas são explícitos e, por isso, me sinto superior àqueles que se dizem puritanos e descansam sua pureza no sofá de casa. O preconceito nunca deixará de existir. Assim como existem pessoas que nascem destinadas ao sucesso e outras para serem inferiores e terem menos importância no mundo. Não estou falando de oportunidades. Até na Suécia existem caixas de supermercado. O que eu falo é de potencial. É fato, para mim, que alguns têm mais que outros. Não fosse assim, jornalistas todos cobririam grandes acontecimentos. Mas alguns escrevem sobre o que Nana Gouvêa fez durante o dia.

Deus não existe. Não há quem me convença do contrário. Como poderia existir alguém tão poderoso ao ponto de criar uma pedra tão pesada que nem ele conseguiria carregar? Isaac Newton disse, certa vez, que o polegar opositor é a simples prova da existência de um ser superior. Charles Darwin chamaria isso de “adaptação ao meio”. Segundo Voltaire, se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo. De fato, a existência de um Deus é um pilar imprescindível para a sociedade. E, exatamente por isso, o homem o inventou.
Jesus existiu. Foi o maior comunicador de todos os tempos, talvez o com a melhor retórica. Foi, também, um grande filósofo Cínico. Não melhor que Diógenes de Sínope.

Sunday, September 13, 2009

Finidade

A gente nunca sabe quando um sonho vai se tornar realidade. Simplesmente sonha com alguma coisa. Sonha com uma casa na praia, com uma mulher e filhos e uma conta bancária bem alimentada. Mas só pensa. Sonhar nunca passou do “só pensar”. A gente pensa em algo. Deseja. Mas, se não se concretizar, a vida continua. A vida continua.
A gente morre, sabe? Um dia a gente “puft”, somos seres infinitamente finitos. A vida talvez seja como o colegial: A gente começa sabendo que um dia vai acabar. Distrai-se tentando não pensar, não gosta de lembrar, mas o fim chega de repente. E talvez não tenhamos feito tudo o que imaginava no início, mas talvez esse seja o preço por notar a própria finidade tarde demais. Tarde demais.
Eu olho pela janela e de repente tu estás lá – reconheço de longe aquela mexida no cabelo e os olhos negros. Tu lá e eu aqui, tu lá e eu aqui. Eu lá e tu aqui. Tu em algum lugar, e eu em lugar nenhum. Nenhum.

Thursday, August 20, 2009

Dos Olhos

Quando vejo teu olhar, meu cérebro imediatamente manda um sinal para meus pulmões: “respirem fundo”. Quando penso no teu jeito, ele diz a meus olhos: “fechem-se por algum tempo”. Parece até querer punir tudo que há de pares em mim, talvez pensando que assim irá me punir por não formar um par com você. E eu não posso fazer nada, ele é movido involuntariamente e pensa em ti noite e dia. “A culpa é tua, cérebro”, penso comigo. Ou será ele se culpando? Já não tenho controle. Entrego-me completamente a teus olhos.
Teu olhar é novo para mim. Novo e salvador. Salvador porque se atirou no precipício em que me joguei, adquiriu mais velocidade e me pegou em seus braços. Como se eu fosse um recém-nascido, me balança confortavelmente me dando segurança. Assim, seguro, olho em teus olhos e eles são tão expressivos e tão cheios de graça que esqueço do cansaço que a vida tem me dado e não durmo, apenas admiro a graça desse par de janelas que, nem tendo vista para uma praia paradisíaca, teria tanta beleza quanto tem na simplicidade dos teus olhos. Então sorrio confortável dando uma indireta, como quem diz “me mostra teu sorriso para minha vida ficar completa” e tu, como quem sempre sabe o que fazer, sorri sem mostrar os dentes, fazendo o sabe de melhor.
Salvou-me, confortou-me e alegrou-me. E tudo isso simplesmente sorrindo e olhando.
Já não tenho escolha. Entrego-me completamente.

Wednesday, July 08, 2009

O Sol e a Lua

Sempre simpatizei mais com a Lua do que com o Sol. Ela é mais sociável, ele não gosta nem que o olhem, já vai soltando um daqueles seus raios. Já ela, gosta de ser admirada. Só olhar que, ao contrário do astro-rei. solta um daqueles seus lindos sorrisos, deve ser coisa de menina moça mesmo. A Lua já permitiu que outros chegassem pertinho dela - coladinhos com ela -, o Sol não os deixa chegar nem perto. Isso tudo deve ser reflexo do isolamento do Sol. A Lua tem todas as estrelas como companheiras, enquanto o coitadinho não tem ninguém para dividir o seu calor imenso.
A Lua parece ter um abraço mais apertado, mais amoroso. O Sol é tão temperamental, tão cabeça quente e difícil de suportar! É preciso até proteção para tentar olhá-lo, o astro da noite é tão mais gentil, dá vontade de morder, não é a toa que algumas flores só se abram à noite!
Até a cor da Lua é mais bonita: O Sol tem aquele vermelho-alaranjado de quem tá sempre bravo, hostil; a Lua é branquinha, como moça nova ou moça mais antiga meigamente maquiada. Como se não bastasse, ela ainda brilha azul em sua volta, como quem coloca um casaco azul para ficar quente e ter um abraço melhor, sempre pensando nos outros, deve ser coisa de menina moça mesmo

PS: Esse texto foi feito, segundo um livro que eu escrevo aqui, "em algum mês de 2008", eu pensava que já tinha postado, então, se alguém pensar que já leu, não tenha ilusões de ter tido um déjà vu, bjs

Sunday, June 21, 2009

Presente

Quando você chegar, a gente vai andar por aí de mãos dadas e apertadas. Elas irão balançar felizes, pra frente e pra trás, pra frente e pra trás. A nossa sincronia será tão perfeita, quando eu te olhar, você me olhará também e sorriremos juntos. O sol olhará para nós e brilhará aquecendo nossos corações, como querendo abraçar o nosso amor infinito. Pintaremos nosso quarto com nossas cores (e ele será demasiado colorido!), pintaremos nossas vidas com nossas cores. Distribuiremos rosas perfumadas para pessoas nas ruas e estas se inspirarão em nossa alegria para serem mais alegres. O brilho nos meus olhos será o seu brilho.
Quando você chegar, a gente vai comprar um sofá daqueles bem pequenos, para ficarmos ainda mais juntos. Eu te acordarei com café na cama dizendo “bom dia, vida” e você me retribuirá meu gesto com aquele sorriso que só você sabe sorrir; aquele sem mostrar os dentes. Ao chegar a noite, você me contará seu dia e eu fingirei estar prestando atenção em tudo, quando na verdade eu estarei com o pensamento em seus olhos e em toda a boa energia que eles me passam. Eu sorrirei e você pensará estar me agradando com sua conversa, mas eu sorrirei por saber que seus olhos só olham a mim e esse meu sorriso é um movimento involuntário do meu corpo. Corpo esse que é seu refém. Meus olhos brilham, minhas mãos suam, meus pulmões se enchem e meu coração acelera só por ti.
Mas aí eu lembro* que tudo está em futuro do presente, me viro e invento outro sonho.
*Licença poética pela mudança de tempo verbal, plz.

Saturday, June 06, 2009

Não é de todo inútil o trabalhoso processo da vida? Deve ser difícil para quem tem o trabalho de fazer a gente. E não só a gente humana. Toda gente, incluindo os mosquitos. Não deve ser fácil colar todos os órgãos em seus devidos lugares, testar para ver se está tudo funcionando conforme as normas. E pra que? A pessoa vem, passa umas férias aqui e volta. Qual o propósito de ter pêlos para aquecer, pulmão para respirar, coração pra bater e sentimento pra sentir, se depois tudo acaba? E depois? E depois a gente morre.

Wednesday, May 27, 2009

Surpresas Européias no Futebol

Manchester United e Barcelona entraram em campo conhecidos como a melhor defesa e o melhor ataque do mundo, respectivamente. Além disso, contavam com os dois melhores jogadores do mundo, C. Ronaldo pelos ingleses e Lionel Messi pelos espanhóis. Tinha tudo pra ser um grande espetáculo desses dois atletas, um tentando demonstrar mais futebol que o outro. Nada disso ocorreu. Os dois jogaram mal e quem roubou a cena foi a dupla de meias do Barcelona: Xavi e Iniesta. No meio de grandes estrelas apontadas como possíveis donas do jogo, esses espanhóis mostraram ser o pulmão do clube catalão. Entre o ouro de Messi e do Ronaldo luso, entre os estrangeiros, quem fez a diferença foram as pratas da casa. Mas não foram apenas os dois pré-protagonistas que tiveram atuações decepcionantes, a partida em si prometia muito mais. Mais uma vez, essa Liga dos Campeões nos reservou surpresa: A principal partida, a mais emocionante, se realizou nas quartas-de-final e foi disputada por dois times que não eram nem mesmo candidatas a título. De fato, Liverpool e Chelsea não conseguiram o que o Barcelona conseguiu, mas, diante de uma final pífia como a desta edição, não há quem duvide que o quatro a quatro do duelo inglês foi a partida dessa Liga Dos Campeões.
Outro ponto é a relevância que essa vitória catalã tem no futebol mundial atual: No duelo de um time de acionistas, movido pelo mercado, contra o time da sua torcida, movido por seus sócios, todos apostariam no primeiro, pela fase do esporte. Hoje em dia as equipes de futebol se transformaram em simples empresas, como a Coca-Cola ou a Nokia, preocupadas apenas no lucro que aqueles onze funcionários irão trazer para seus donos. E, em plena esta época fria do futebol, a taça mais importante da europa e segunda do mundo é conquistada por um time que vive das mensalidades dos sócios e, com essa política, é um dos mais ricos e o melhor do mundo.

Sunday, May 17, 2009

Lá no alto

Foi dormir e quando acordou estava na Lua. Achou estranho o seu quarto agora estar tão leve e com tantos buracos, mas o que mais lhe surpreendeu foi o falta de cores que o quarto estara no momento. Aí que se deu conta do lugar que se encontrara. A falta de cores roubou o lugar da natural dúvida “onde estou” e ela desejou, então, uma grande e recheada caixa de lápis aquarela para colorir adequadamente cada canto e cada contorno de seu novo lar. Rodou toda a lua e não achou um toquinho sequer de lápis de cor. Resolveu sair pelo espaço procurando. Pediu ao sol e ele lhe deu o amarelo e o laranja. Foi a Marte e lá encontrou o vermelho que tanto queria. Faltavam agora apenas o azul, o verde, e o violeta. Veio para a terra; nos rios achou o azul, nas plantações o verde, e o violeta na flor de mesmo nome. Guardou todas as cores em um potinho e partiu de volta para a Lua. Sempre que há sol após um dia de chuva é possível ver a moça com suas cores lá no alto.

Friday, May 08, 2009

Brilha onde estiver

- Olha, eu poderia ser piegas e dizer umas palavras bem clichês, mas tu sabes como escritor tem a péssima mania de tentar o máximo possível escapar disso tudo. Eu era pra te dizer “olha, eu te amo” e voltar para o meu mundinho de açúcar e banho-maria. Mas as palavras parecem sociedades com grande anomia prejudicando as suas consciências coletivas, devido a uma grande falha no controle social (vê só como são as palavras, comecei a falar de sociologia em meio a um discurso romântico, a culpa não é minha, é sua por mexer tanto comigo que me desestabiliza). Enfim, falei tanto que até agora não falei nada. Eu só quero te dizer que o jeito que arrumas o cabelo me faz pensar em como ficaríamos bem, os dois, de mãos dadas andando por aí, não achas? Vou encarar esse olhar como um sim. Aliás, teus olhos regulam meus batimentos cardíacos, sabias? Não? Imaginei. Porque eu sou tímido e disfarço. Quando me olhas me seguro para prender esse sentimento todo que tenho dentro do meu peito, sentimento que se transforma em ar; tentando sair de mim. O sentimento tentando sair, pela necessidade fisiológica de sair, mas eu resistindo. Trancando. Matando. Assassinando. Sufocando o sentimento. Mas hoje, aqui nessa simples parada de ônibus, eu resolvi que preciso respirar, entende? Precisava respirar que é a tua simplicidade que me faz amar o sol e o verão. Tu deves estar te perguntando “não vai falar do meu sorriso?”. Minha querida, nosso tempo é tão curto, se eu for gastá-lo falando do teu sorriso, passaríamos os dois sentados uma eternidade aqui, só comigo falando sobre o teu sorriso. Mas isso não seria bom? Passar a eternidade toda aqui, nesse banco de estação? Sinto-me chato falando tanto, estou sendo chato? Não? Posso continuar? Tudo bem, eu paro por aqui, teu ônibus chegou.

Friday, May 01, 2009

Flor de Lis

Olhar para mim mesmo, não para o passado. Esse aí não é um dos tempos verbais, pois estes servem para nos apressar, mostrar ou lembrar. O passado é um grande pesadelo ininterrupto e que ri das pessoas todos os dias.
(Texto encontrado num caderno do ano passado, se ele não for meu e alguém conhecer o autor, por favor avise - mas acho que é meu)

Tuesday, March 31, 2009

O Calculismo na Era do Sentimental

Ser forte é para os fracos. Os bons e mais resistentes sabem lidar com as emoções de forma diferenciada sem apelar para o calculismo, criam estratégias de defesa e ataque com um roteiro tão bom que o mesmo nem sequer é notado. Vão por mim, caros leitores, deixem se levar, às vezes, pelas emoções. A frieza é um bom refúgio e um péssimo modo de vida, pois esta última é única e é necessário sensibilidade para notar o que de bom existe.
- E aquela estrela lá?
(Acho linda. Nasceu brilhando e vai brilhar seja de onde eu esteja olhando-a. Não é mágico? Nada vai afetá-la, jamais.)
- Ela nem está lá. Na verdade já desapareceu há muito tempo, mas, por estar muito longe, ainda não nos chegou a informação de que ela explodiu.
- Acho linda. Nasceu brilhando e vai brilhar seja de onde eu esteja olhando-a. Não é mágico? Nada vai afetá-la, jamais.
Liberta-te e te libertarás.

Monday, March 23, 2009

Em Diálogos

- Adeus, você. Eu hoje vou pro lado de lá, to levando tudo de mim...
- Que é pra não ter razão pra chorar?
- Vê se te alimenta e não pensa que eu fui por não te amar! Cuida do teu pra que ninguém te jogue no chão, procure dividir-se em alguém.
- Procure-me em qualquer confusão!
- Levante e te sustenta e não pensa que eu fui por não te amar!
- Quero ver você maior, meu bem, pra que minha vida siga adiante!
- Adeus você, não venha mais me negacear!
- Seu choro não me faz desistir...
- Teu riso não me faz reclinar!
- Acalma essa tormenta e se agüenta que eu vou pro meu lugar. É bom às vezes se perder sem ter porque, sem ter razão. É um dom saber envaidecer, por si, saber mudar de tom.
- Quero não saber de cor, também, pra que minha vida siga adiante.

Wednesday, March 18, 2009

O Cobertor e a Mocinha

Era uma vez um cobertor. Adorava o fato daquela menina de mais ou menos onze anos perfumar-se antes de deitar. Tentava, em vão, se aquecer o máximo possível para aquecê-la. Rezava para ter, quem sabe algum dia, calor próprio, sonhava em ser o sol para aquela menina. Mal sabia ele que, para ela, ele era o protetor, a quem ela buscava quando sentia frio. “Mãe, estou com frio e vou me agarram em meu cobertor”, dizia ela. Ele há muito tempo já estava esperando sua vinda, como quem diz “Vem, querida, te aquecerei com meu carinho”.
Mas, como todo caso, há um problema: Nosso cobertorzinho não agüenta o fato de não conseguir comunicar-se com sua menina. Ora, como seria possível um cobertor se declarar para uma garota? Eis que nosso protagonista tem uma idéia: Abraçará sua pequena enquanto ela dorme profundamente. Claro, como não pensara nisso antes?
A noite chega, fria como de costume, e a garotinha se dirige a seu quarto. Perfuma-se, coloca-se debaixo do cobertor e cai no sono. Observando a situação, ele abraça-a fortemente. Para sua surpresa, ela também o abraça. Não sei se era o vento ou aquele cobertor sorriu.

Saturday, March 07, 2009

Carta ao futuro

Caro Futuro,

Desculpe-me pela falta de educação em não perguntar como estás, mas é que não estou muito preocupado com isso agora. Vim só pra bater um papo contigo. É, levar um lero que é mais um pedido: Demora. Não te sintas mal com isso, mas a vida passa tão rápido que eu quero-te bem longe junto do teu amigo tempo. Se tu serás bom ou ruim? Não sei. Viverei sem me preocupar com isso. Viverei a procurar uma forma de não te procurar. Vai arrecadando mais outras almas para aquela outra amiga tua e volta a me procurar só quando eu chamar. Perfuma-te e procura alguém pra passar o tempo, assim como eu procurei. Aceita os conselhos desse velho amigo; vive. E quando chegares, vem manso que é pra não me assustar, vem com rodas de algodão e motor à base de água. Se serás bom ou ruim? Não sei. Viverei.

Atenciosamente,
Passageiro.

Monday, March 02, 2009

Maior Questão

Dois amigos se encontram, após a morte, na frente de São Pedro.
- Fábio! Quanto tempo! Nunca imaginei que fosse te ver só... depois mesmo.
- Fernando! Vimos-nos a última vez no fim do colegial, com todas aquelas promessas de se ver aos sábados. Acho que nunca tivemos tempo depois daquilo.
- É, mas eu nunca esqueci das nossas loucuras em sala de aula.
- Nem eu. Mas, me conta como tu vieste parar... aqui?
- Tristeza, solidão, essas coisas. E tu?
- Morri por falta de doador de alegria.
- Se a gente pelo menos continuasse se vendo aos sábados...
- São Pedro está vindo aí.
- Pois é, temos que causar uma boa impressão.
- Vocês dois são frustrados pela de amizade na vida, passem ao final da fila.

Saturday, February 21, 2009

Em Três

- Eu acho...
- Você acha que já está apaixonada por mim, pode falar.
- Eu já estou apaixonada por você.

Friday, February 13, 2009

Um Milhão

Resolvi criar três personagens e pensar em destinos bem clichês para eles. Primeiro, são dois homens, Luiz Leonardo e Mateus. Depois, claro, uma moça e ela se chama Beatriz. Eles vivem na cidade de Porto Alegre, ela e Luiz em um prédio e Mateus no prédio da frente. Logicamente, Beatriz encontra Mateus na fila da padaria, deixa cair um pacote de biscoitos, ele ajuda-a. Nesse momento estão trocando olhares e imaginando um futuro juntos. Enfim trocam palavras.
- Seu pacote de biscoitos, senhorita.
- Muito obrigada.
- Meu pai está muito doente em um hospital, tenho dívidas, muitas alergias, não gosto de chocolate e sou fracassado no amor.
- Não gosta de chocolate?
- Me desculpe, cara donzela, mas esse seu olhar profundo deu-me confiança e vontade de falar.
- Tudo bem, seus olhos já mostram tudo isso.
Ela deixa o local sabendo que Mateus a está observando. Ela sorri.
Luiz Leonardo percebe que sua companheira está de volta e vai recepcioná-la.
- Trouxe meus biscoitos?
- Me apaixonei por um par de mãos na padaria, preciso te deixar.
Ele ameaça se matar, chora e não a vê partir.
Beatriz procura o par de mãos na padaria, mas não o acha, pergunta aos atendentes por onde mora um rapaz moreno, de óculos e cabelo bagunçado. Ninguém soube responder. Ela fala das mãos e uma atendente, que também era apaixonada pelo rapaz, diz-lhe o endereço. A moça chega entusiasmada ao local, arruma o cabelo procurando o charme especial, respira fundo e, enfim, toca a campainha. Quem abre é Taninha Furacão, prostituta conhecida na região, inclusive pela jovem Beatriz, que sente-se decepcionada com as mãos, “Como aquelas mãos tocaram nela? Pareciam mãos tão gentis e confiáveis”. O que ela não sabe é que a atendente da padaria mentiu. Mentiu por também ser apaixonada por Mateus e não querer que uma mulher tão atraente como aquela que esteve na padaria chegue perto de seu grande amor. Mentiu por insegurança. Mentiu para proteger seu macho.
Chove na rua e Beatriz está nela. Molhada, com vergonha de Luiz Leonardo e nojo de Mateus, ela sente a água como o menor mal e dorme ali mesmo. Amanhece e tudo continua do jeito como terminou, provando como cíclicas são as coisas do Amor.
A moça apaixonada por mãos resolve pegar um ônibus e recomeçar sua vida em uma cidade vizinha. Sem sucesso, volta a morar na casa da mãe. Luiz Leonardo não agüenta uma semana sem o amor de seu amor e se mata com um tiro na boca. Mateus se muda para perto do hospital onde seu pai depois de certo tempo morreria, conhece Marina, uma atendente da padaria perto de sua casa antiga e tem uma filha com ela chamada Beatriz.

Monday, January 26, 2009

Pais e Filhos

Se tem uma coisa que eu gosto de ver é família feliz. Pode ser clichê, mas uma das coisas que mais me fazem brilhar os olhos é um pai e uma mãe com um filho pequeno. Nessas horas, a gente vê que tudo passa tão rápido, num momento o casal se apaixona em uma lanchonete, começam a se encontrar mais vezes e enfim se casam. Passados uns cinco anos do matrimônio, a notícia boa chega: Terão um menino, ele será saudável, inteligente e torcerá pelo time de futebol o qual o pai é fanático. Quando o garoto tiver seus seis anos, ganhará uma irmãzinha e a família, enfim, estará completa. Os pais se sacrificarão para dar a eles todas as oportunidades na vida. Os filhos, enquanto isso, crescerão sempre gratos e orgulhosos por todo o esforço feito por aqueles que os trouxeram a esse mundo. Entrarão em uma faculdade e, nesse momento, temerão não estarem preparados para esse novo desafio, se acharão fracos e, mais uma vez, quem os sustentará são os pais. Talvez chegue o dia em que a situação irá se inverter e, quem se sacrificará para dar o melhor serão os filhos e, quem receberá o apoio pelo esforço de uma vida inteira, serão os pais. Isso é o mais lindo na vida, ela sempre se renovará, mas sempre dará um jeitinho de deixar quem a gente gosta por perto. Valeu, vida.

Wednesday, January 14, 2009

Nervosismo

Encontro-me nesse momento sentado na mesa de um bar sem nome. Perto de mim, um bêbado se afunda ainda mais na cachaça. O dono do bar, sem ao menos ter pena do indivíduo, atualiza o copo do mesmo com mais bebida. Será mesmo que o dono do estabelecimento não percebe que contribuirá, assim, para o fim de uma vida? Mas isso não é o que mais me atrai no local. Três mesas da minha uma moça de mais ou menos vinte e um anos possui um olhar extremamente marcante e ele mostra certo nervosismo. A garota parece estar esperando alguém e, quando esse alguém finalmente chega, percebo algo maravilhoso: Não é o seu olhar o mais fascinante, e sim o sorriso; totalmente natural e despreocupado. O rapaz a cumprimenta de maneira preocupada e fria. Pelo pouco que aprendi de leitura labial, tento reproduzir o diálogo. Ele olha no fundo dos olhos lindos e marcantes da menina e diz que os dois têm de conversar. Ela olha-o como quem não entende nada. Sim, o garoto está traindo-a com outra e prefere contar-lhe tudo antes que ela descubra por outro. Ele termina o namoro, dá-lhe um beijo na testa e despede-se.
Penso eu: Como alguém abandona um olhar desses? E um sorriso desses? Imagino-me de mãos dadas com a moça, ela lançando-me olhares e sorrisos sem iguais. Pago minha conta e vou pra casa.