Quando um quarto está todo bagunçado, com roupas espalhadas,
cadernos revirados, gavetas abertas, gavetas que não abrem, é difícil achar
algo que é ou era importante. É difícil achar no meio de tanta coisa bagunçada.
Será que deixei no armário? Não foi debaixo da cama? Aí a gente esquece, nem
que seja por um tempo. Depois aparece, assim de repente, quando eu não estiver
mais procurando.
Acontece muito com palhetas. A verdade é que não existe um
universo paralelo para onde elas – e também as borrachas – vão para serem
felizes aproveitando a liberdade que lhes foi concedida após ultrapassarem a
fina barreira que separa o mundo real do mundo das palhetas e das borrachas. A
verdade é que elas ficam sempre lá. Escondidas no meio de um sofá, escondidas
dentro de gavetas, esperando o momento em que alguém decide tomar a frente da
situação e limpar tudo até, assim de repente, encontrá-las. Elas ficam lá,
pedindo socorro antes que aconteça a tragédia de outro alguém varrê-las e, aí
sim, elas sumirem para sempre.
Também pode acontecer de elas padecerem a essa espera. Pode
acontecer de uma pessoa sentar em cima da palheta perdida e aí, depois da
arrumação que se faz no quarto, ela ser achada quebrada no meio, tornando-se
totalmente inutilizável. Nesse ponto da história das palhetas pode ser que
exista outro mundo. Uma espécie de céu das palhetas, onde aquelas que se
cansaram demais durante a vida, ou simplesmente caíram no esquecimento, descansam
eternamente. Mortinhas da silva, mas descansando.
Que bonito texto, Leon.
ReplyDeleteParei sem querer no teu blog, exatamente ás 20h13min. Já são 22h14min e não consigo parar de ler. Tu existes? Sério, não conheço a tua voz, mas posso escutá-lo ao ler. Lindo o blog, parabéns.
ReplyDeleteI constantly еmailеd thiѕ blog ρoѕt page tο аll my frіends, since іf liκe to read it аfterwaгd my lіnks will too.
ReplyDeletemy ρage - click through the next website page