Thursday, October 11, 2007

Máquina dos Sonhos - Parte VI

– Não contes para ninguém sobre isso, Abreu!
Já era tarde. Ele nem me ouvia mais, estava muito bravo.
– Lívia, a nossa colega nova, tem seus sonhos todos aqui, o que estas pensando, cara?
– Estou apaixonado por ela.
– É? Então já sei como me vingar. Ela vai ser a primeira a saber!
– Não faças isso, por favor!
Fiquei sem reação. Como eu podia impedi-lo de contar da máquina para todos? Se ao menos eu vivesse no mundo dos sonhos. Isso seria imediatamente resolvido. Não pensei duas vezes e empurrei Labarthr tão forte que ele caiu sobre minha cama, batendo a cabeça na parede. Cheguei à frente da máquina e apertei o botão “Mu.D.So” e fui direto ao mundo dos sonhos, para tentar achar um jeito de mudar aquela situação.

Chegando lá, fui até minha casa para tentar achar, dentre os botões da Máquina dos Sonhos, algum que permitisse a transferência dos fatos que ocorriam naquele mundo, para a realidade. Lembrei de que precisava querer aquilo para que, então, o botão surgisse. Concertei-me naquele desejo e o botão apareceu. Apertei-o. “TU TENS DUAS HORAS CRIAR A CENA QUE SERÁ TRANSFERIDA”, foi o que apareceu na tela. Não perdi tempo e procurei Labarthe.
Depois de dez minutos, achei-o na praça da cidade, sozinho. Resolvi conversar com ele, para saber se ele já sabia da Máquina.
– Bom dia, Abreu.
– Ó, Duarte! Como vai?
– Vou bem... Por acaso foste em minha casa hoje?
– Não, não, por quê?
– Por nada... Bem, tenho de ir, tchau, Abreu!
– Tchau, Duarte, não te esqueças do nosso trabalho, amanhã em tua casa!
– Não vou esquecer!
Obviamente minha resposta foi de cunho hipócrita, pois na verdade eu tremi nas bases, por saber que o trabalho iria existir mesmo e pior: Seria amanhã, e não dentro de duas horas! Fui para a casa, para poder pensar em uma solução para aquilo.
Deitei em minha cama e fiquei pensando em um modo para impedir Labarthe de saber da máquina. A conversa com Labarthe havia me tomado trinta minutos que, somados com os dez do tempo que demorei para achá-lo, já eram quarenta minutos que eu não tinha mais. Cada minuto é um minuto roubado da morte. No meu caso, cada minuto é um roubado da revelação que terminaria com minha vida. Mais vinte minutos foram. Agora eu tinha apenas uma hora. Metade já tinha ido.
Muitos pensamentos me consumiam naquele momento. Até que tive uma idéia, que de princípio achei absurda, mas depois de passados mais dez minutos – agora só me restavam cinqüenta minutos – tive de convir que era a única solução. Contra minha vontade, liguei para Labarthe.
– Abreu?
– Sim, Duarte?
– Podes ir até à praça dentro de no máximo trinta minutos? O trabalho foi transferido para hoje, Cosme não poderá nos encontrar amanhã, mas hoje ele pode.
– Sem problemas, estou indo!
– Tchau, Abreu.

Corri até a praça. O que era aquilo em meus bolsos, que eu tocava com minhas mãos, agora cobertas por luvas? Nunca havia tocado naquilo, nem sequer tinha visto algo daquele gênero! Vi Labarthe vindo em minha direção. Dez minutos.
– Olá, Abreu, vamos até aquele beco, Cosme nos espera lá.
– Naquele ali, deserto e escuro?
(cinco minutos).
– Sim, vamos rápido! – falei olhando para o relógio.
– Ta bom.
(três minutos).
– Olha, Abreu, eu juro que não queria fazer isso!
(dois minutos).
– Fazer o que, Duarte?
– Tu mexeste com o que não devia, tens que pagar por isso...
– Mexi com o que? O que eu fiz?
(um minuto).
– Comigo, agora sem mais explicações!
(cinqüenta segundos).
Tirei aquilo que estava no meu bolso. Era uma arma. Sim, daquelas dos filmes americanos. Tremi.
(trinta segundos)
– Desculpa, Abreu!
Atirei.

1 comment:

  1. Anonymous1:30 PM

    IRMÃO, meu deus parece historia de sherlock holmes, uma adrenalina só que eu amo amo amo e amo. Parabéns Leon eu amei mesmo !!!

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