- Bom dia.
- Bom.
- O senhor queria um empréstimo, certo?
- Sim. Um empréstimo de Amor.
- Por quanto tempo?
- O tempo que for preciso. Seis meses ta mais que bom.
- Amor em que nível de afetividade?
- Estou carecido de um nível oito, o máximo.
- Com suspiros?
- Só os bons.
- Desenhos no caderno?
- Só os claros e coloridos.
- E quanto aos olhares?
- Quero aqueles em que os olhos brilham tanto que dá pra arrumar o cabelo olhando no fundo deles.
- Sorrisos também?
- Claro. Daqueles sinceros e lindos em que os olhos ficam parecendo pontes, bem curvadinhos.
- O senhor é bem exigente...
- Não é exigência. É carência.
- Entendo.
- E então, quando eu recebo meu Amor?
- Quando fizeres por merecer.
- Mas eu não sei me expressar, fico falando bobagem, sabe como é.
- Sei... Quer, então, um amor fácil?
- Fácil não é a palavra certa. Coisas fáceis são sem graça. Mas eu só aparento ser sem graça. Eu diria prático.
- Certo. É só preencher esses papéis aqui e tu terás teu Amor em breve!
- Passa pra cá, não vejo a hora de ter Amor em minha vida!
- Prontinho. Foi um prazer negociar com o senhor.
- O prazer foi todo meu!
Estou tão ansioso. Sempre quis um Amor em nível oito de afetividade!
- Oi, vem sempre aqui? Gosta de Los Hermanos?
Monday, March 24, 2008
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Li esse texto bem antes de fazer esse comentário (só para constar).
ReplyDeletegostei bastante, don. gosto disso de fazer de um sentimento uma personagem do texto. ainda mais que pegaste o amor, o sentimento mais "amor" de todos. hsuasuahsuah
parece que o amor chegou aí...
ReplyDeleteÉ a primeira vez. Mas foi o bastante pra perceber que nossas mãos combinam. Tá, sei que ainda é cedo pra dizer isso. Só que marginalizados, como nós, não são muitos – daí o entusiasmo. E gosto de Los Hermanos, sim.
ReplyDeleteClarice(?)
é so lembrar que o amor é tão maior... lindo texto, amei!!!
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