Tuesday, January 14, 2014

O falso 9

Apesar da suposta facilidade com que trabalha o jogador centroavante – necessita às vezes apenas que a bola encoste nele e entre –, muito embora hoje se tenha conhecimento de um gene extremamente recessivo que condiciona o ser humano a ter maior facilidade em botar a bola pra dentro, há atletas que preferem não se ater apenas a essa função. São os falsos 9.
O falso 9 está lá, na marca do pênalti. Ele veste a camisa do centroavante.
Faz, de fato, muitos gols.
Mas não queira ver o falso 9 como uma referência.
Falsos 9 não admitem essa possibilidade.
Falsos 9 não se prendem a esquemas táticos pré-determinados que o coloquem com a função única e exclusiva de fazer o gol.
Mas o falso 9 faz, de fato, muitos gols.
O falso 9 precisa constantemente sair da área para respirar.
E não tente prender o falso 9 dentro da área.
O falso 9 não funciona preso à área.
Há quem pense que o falso 9 surgiu no Barcelona de 2011, com Messi.
Ou no Arsenal, anteriormente, com Fàbregas.
Que no meu time da Master League já jogou até de lateral.
Direito e esquerdo.
Mas o primeiro falso 9 – que se tem conhecimento – surgiu muito antes, na Hungria dos anos 50.
Enquanto Puskas vestia a 10, Hidegkuti usava a 9.
A diferença é que o húngaro se movimentava apenas para dentro ou fora da área, sempre centralizado.
Messi transita tridimensionalmente pelo campo.
Por isso, além de falso 9, é gênio.
Mas também não pense que o falso 9 é falso.
Que está ali para ludibriar o adversário.
Aproveitar-se da fragilidade tática dele.
O falso 9 é honestíssimo.
Ou pelo menos tem de ser para funcionar.
Se cai na tentação de ser falso apenas pelo adjetivo, não engana a ninguém.
A não ser a si mesmo.
Há muitos centroavantes que se passam por falso 9.
Erro.
É o falso falso 9.
Qualquer definição que tenha um adjetivo negando outro é um erro.
Mas há quem tenha maior poder de adaptação e consiga funcionar tanto como centroavante, quanto meia e falso 9.
Dependendo da situação.
Se o jogo é em casa ou fora.
Mas é raríssimo encontrar um jogador dessa qualidade.
Ou então se torna um atleta como Jorge Henrique.
Apenas polivalente.
Adaptar-se mantendo o padrão de qualidade e satisfação é muito difícil.


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