Monday, September 24, 2007

Satolep noite

Satolep quase 20 horas. As pessoas se dirigiam para suas casas mais cedo por causa da chuva e do frio. Mas eu fiquei por lá. Perto do aquário, ali naquela ruazinha entre ele e a Doçaria Pelotense. Eu não fui o único a passar por ali no momento, mesmo com a maioria se recolhendo aos seus aposentos, alguns humanos passavam por mim ainda.
O frio entrava por entre meu blusão vermelho de decote V. Resolvi tirar algumas fotos. A primeira saiu tremida e não a aproveitei muito bem. Não me abalei e resolvi tirar outras, até que finalmente consegui a foto ideal: Pegava a noite, o aquário, a chuva, a temperatura e as pessoas andando. Guardei aquela.
Andei até a Praça Coronel Pedro Osório e, no caminho, me deparei com o precário estado da Bibliotheca Pública. Enquanto a prefeitura, o Mercado Público, a Casa da Banha e o Grande Hotel tinham sido pintados, ela continuava lá: Com uma aparência péssima e sem cuidado algum. Tirei algumas fotos do Grande Hotel e da prefeitura, mas nenhuma superou a do mercado – uma aparência antiga, a rua vazia e ainda a prefeitura no canto. Aquela foi a minha preferida, ganhei o dia por causa dela!
Senti fome. Andei mais uma vez até a ruazinha entre o aquário e a Doçaria Pelotense e notei que a última ainda estava aberta. Quando entrei, pude escolher em qual mesa me sentar, pois pela hora que já era a doçaria já não estava mais tão movimentada. Pedi um chocolate quente para espantar o frio. Para me distrair enquanto esperava a bebida, fiquei tirando mais algumas fotos da rua. Passou por mim um casal de velhinhos muito simpáticos abraçadinhos. Não resisti, foto deles! Recebi meu chocolate quente e não pude deixar de registrar aquele momento e tirei uma foto de mim mesmo com o chocolate quente em contraste com a rua.
Acho que as pessoas ficam me olhando quando fico tirando fotos de tudo assim, como hoje. Olhei o relógio. Era tarde, tinha de voltar para a casa. Andei na chuva até a parada de ônibus. Já passava das 21 horas e o centro da cidade já estava deserto. Confesso ter ficado com um pouco de medo, temia por minha câmera com as fotos desse dia que estava sendo tão especial. Enfim cheguei seguro em casa. Estava cansado demais para fazer outra coisa senão dormir. Vesti meu pijama, coloquei um CD para tocar, apaguei a luz e me enfiei para debaixo das cobertas. A cidade me deu o seu boa noite.

4 comments:

  1. Eu já tinha lido esse texto. Achei muito mágico, ressalta uma das coisas mais lindas da nossa cidade úmida, a noite.
    Pelotas é tão boa pra se morar... Dá pra dizer que és do mesmo lugar do Vitor Ramil, onde ainda dá pra passear pelo calçadão no sábado à noite e se estamos sozinhos os pombos nos fazem compania.

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  2. poetizando um dia da vida :) todos deveríamos fazer isso!

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  3. Anonymous4:36 PM

    "Acho que as pessoas ficam me olhando quando fico tirando fotos de tudo assim, como hoje."

    fazem isso comigo também.
    ninguém devia ficar encarando ninguém pelo fato de ela estar fotografando. odeio isso ¬¬

    adorei o texto, realmente, pelotas consegue ser muito poética, é só abrirmos os olhos

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  4. Isso chama-se crônicas do cotidiano,que lembra um pouco caio fernando abreu ou o fabrício carpinejar (http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/), que escrevem com muita sentimentalidade, como tu. Bjão filhão e segue dedilhando desse jeito, descobrindo poesia na flor do asfalto. http://blogsempalavras.zip.net

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